...Portugal com tiques de país rico...

Boa tarde amigos... Parece que a Tasca também fechou para férias, peço desculpa aos meus "camaradas" mas mesmo assim vou "postar"... E para variar vou ser do "contra", podendo mesmo ser o "único" a nível nacional mas como há coisas que não me encaixam na minha noção de justiça e democracia... Esta conversa toda a propósito, da boa decisão de um juiz português em devolver uma menina russa à sua mãe biológica, que tinha sido expulsa do país pelo SEF(Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), por falta de documentação válida para permanecer no nosso país... A história começa com a mãe russa emigrante em Portugal, que fruto de uma relação com um emigrante ucraniano, deu à luz em Portugal uma menina, sem condições para criar a criança porque não tinha trabalho e o "pai" apenas porfilhou a menina, depois deu de frosques... Assim, a menina vai parar a casa de um casal português de Barcelos, que cuidam da menina, tornando-se perante a segurança social portuguesa pais de acolhimento (diferente de adoptivos)... Enquanto esteve em Portugal a mãe via a menina de tempos a tempos, ao ser expulsa do país, regressa à Rússia para a modesta casa da mãe, alterando a sua condição de vida e impossibilitada de ver a menina( por causa da distancia) interpõe na justiça portuguesa a custódia legítimada menina... Ora é aqui que a porca torce o rabo, um juiz português decide e muito bem no meu ponto de vista, devolver a menina à mãe biológica...indignação geral da sociedade portuguesa, aqui d'el rei...que o juiz é um carniceiro porque os pais de acolhimento tinham melhores condições financeiras para cuidar da menina...meus amigos isto são indignações e tiques de país armado em rico.... Eu explico, primeiro o juiz ficou refém das leis portuguesas, pois é, é que tristemente a menina tem dupla nacionalidade (russa/ucraniana) que lhe é dada pela origem dos pais e não como eu penso que devia ser, pelo local onde nasceu...e se Portugal tivesse dado por lei a nacionalidade portuguesa, eu também estaria indignado... Segundo, desde quando é que ter melhores condições financeiras é sinónimo de boa educação e felicidade?, um país que sempre teve das piores condições de vida da europa, ainda me lembro da minha infância e dos meus amigos num bairro pobre (não era de lata)mas não foi fácil, mas as pessoas eram humildes e havia um espírito de entre ajuda e solidariedade...e tenho a certeza que se algum casalinho de um dos países ricos do norte da europa quisesse levar alguma criança do meu bairro, argumentando ter melhores condições financeiras, teria sido corrido à fisga e à pedarada, e o tal país que se indignou agora também se indignava com esse casalinho e com o mundo rico... Por isso, eu digo olhemos para dentro de nós (país) porque ainda temos muitas crianças portuguesas para salvar,ainda somos muito carenciados ao nível da protecção e cuidados básicos com as crianças e principalmente somos desprovidos de pessoal na segurança social (assistentes sociais), com sensibilidade para certos problemas... No caso concreto é a Rússia que tem que prover as condições necessárias para que a criança cresça com harmonia, porque ela é cidadã russa a mãe tem legitimidade e direito a segunda chance, na terra natal tem a ajuda da mãe (avó da menina), é verdade que tem problemas com a bebida, não cabe a nós (sociedade porutguesa) julgar, o primeiro "santo" que atire a primeira pedra... Para finalizar acho aberrante no século XXI e com os problemas de natalidade no país, não conceder automáticamente a nacionalidade portuguesa a uma criança que nasce nosso território independentemente da origem dos pais... Mas pronto num país que promove nascimentos no país vizinho, como é exemplo o encerramento da maternidade no hospital de Elvas, que obriga as grávidas a ir a Badajoz, por questões de racionalização de custos... Curiosamente não vi grandes manifestações de indignação acerca deste assunto... PS - Desde já, dou os parabéns antecipados ao nosso taberneiro "desaparecido" Zé Manel... Jaquim Pimpão