quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Pequeno Bilhete Postal

O sociólogo Alberto Gonçalves tem uma coluna de opinião na revista "Sábado" que prima, tal como praticamente tudo o que li deste autor, pela qualidade e excelência. Há dias deparei-me com um exemplar antigo onde este falava do cuidado que os professores e sindicatos têm em pedir desculpa aos pais pelos importúnios causados quando há uma greve neste sector. No entanto, conclui o autor, o "importúnio" não é pelos conteúdos educativos que não são dados mas pelo facto de a greve deixar os pais "com as crianças nos braços" sem ter onde as deixar.

A conclusão, remata, é que há uma consciência colectiva de que a escola já não é o lugar onde se educa mas sim o lugar onde se guardam crianças enquanto os pais têm de ir laborar. Nisto se tornaram as escolas, fruto de uma evolução inconsciente de uma vida que se vive apressadamente.

Entristece-me esta visão mas concordo com ela. Parece haver uma consciência colectiva, mas silenciosa, de que o sistema educativo "faliu" e que, em seu lugar, foi criado um sistema de para a ocupação de crianças até estas atingirem a idade adulta. Não se vai à escola para "crescer", "aprender" ou se "educar". Já não é para isso que a escola serve. Nem os professores.

Para reflectir.

4 comentários:

António Américo disse...

Eu compreendo os professores. Eles tem medo é que o o encarregado de educação vá lá pedir satizfações, e comecem a distribuir sopa de mão. tomam a iniciativa e mandam um comunicado... O grande problema da Educação é a falta dela, ou seja, as crianças, ou maioria delas, não têm qualquer formação civica, os pais tambem não ou não a aplicam. Se houvesse equilibrio nos ambientes familiares, as crianças iam para a escola, estavam sossegadas, e quando fizessem mal aceitavam o castigo, que não passa por violencia. Se soubessem passavam de ano, se não soubessem reprovavam. Simples não é? para quê complicar?

Hum... vodka limão, p.f. disse...

"...Nisto se tornaram as escolas, fruto de uma evolução inconsciente de uma vida que se vive apressadamente."

Acho que concordo com esta frase. Concordo que para a maioria, a escola se tornou num "depósito" necessário. Infelizmente a vida que temos hoje leva-nos a sentir um pouco isso. No entanto, continuo a acreditar que a função da escola não é essa. Acho que o sistema escolar não faliu, continuo a acreditar nele e a apostar nele. Mandarei os meus filhos para a escola para se educarem, aprenderem e crescerem, conscientes do papel que a escola tem para o seu desenvolvimento...

Parabéns pelo post!

Chiquita do Amori disse...

Realmente, as questões do ensino estão a tomar umas proporçoes nunca vistas. Albertino Gonçalves, figura curiosa, tem uma visão muito particular no que concerne a este assunto. Mas se está instalada essa consciência, grande trabalho tem que ser feito por todos nós, no sentido a alterar. Nesta tarefa, os docentes talvez tenham um papel fundamental,não descurando nunca as suas responsabilidades para com os alunos, numa altura em que tudo lhes parece se voltar contra eles.
No que concerne ao mais comum dos mortais, resta-nos resistir a esse tipo de "pensamento" que, na minha opinião apenas se aplica já na idade adulta quando os alunos se deixam ficar na universidade por longos anos para não terem de enfrentar o duro mercado de trabalho.

Chiquita do Amori disse...

Esqueci-me....
Albertino Gonçalves foi meu docente e da Imita Alces......
Utilizando as palavras de alguns dos meus amigos....
É um FIXE....eh!eh!!!!