terça-feira, 16 de dezembro de 2008

..."Magalhães" que futuro???...

Boas tardes a todos, taberneiros e clientela "militante" desta humilde tasca...
E hoje, vou "servir" um prato muito controverso, que é "Magalhães à Socrates"...
É que estamos a cometer o mesmo erro que fizemos no passado, com a educação... Verificámos uma lacuna, e formatámos todos da mesma forma...

Aqui à quinze anos atrás quando se começou a massificar e a democratizar o ensino superior, dizia-se que o que era preciso era ter um curso superior não interessava qual nem onde, apenas nos indicavam como caminho único o ensino superior...
Não eram feitos testes, que nos ajudassem a ver qual era a melhor apetência individual de cada um, nem existia aconselhamento psicológico e com a falta de educação da maioria dos nossos pais, que tinham sido educados a trabalhar de sol a sol desde tenra idade, em que os estudos eram completamente desprezados(como convinha às elites dominantes).

Assim, a escolha era feita na idade dos sonhos ainda com a ilusão de que vamos mudar o mundo, ou seja, pressupostos que são do pior para se poder fazer uma escolha racional, lógica e coerente que vai condiconar o futuro.
Depois havia outros factores, como "fugir" à matemática logo no 9ºano, condicionando para o resto da vida o futuro, isto aos 15 anos...

Portanto o discurso vigente era que havia falta de doutores na sociedade portuguesa, por isso tudo para as universidades, depois viu-se que afinal a tal sociedade não tem capacidade para absorver todos os doutores e engenheiros que saiem das universidades e politécnicos todos os anos...porquê? simples, temos o tecido empresarial formado por 80% de PME's sem capacidade financeira para pagar a esses eng. e doutores...

O que era previsivel, mas a mensagem que era relevada na comunicação social, é que ser doutor ou eng é que é bom, as universidades privadas cresciam a um ritmo alucinante em todo o lado e com preços exorbitantes...hoje estão falidas e sem alunos que consigam suportar as respectivas estruturas...
Mas neste ambiente as escolas profissionais que nessa altura estavam a começar, não tinham espaço para poder concorrer contra universidades e politécnicos...

Porque acredito que quem tenha feito a escolha do curso técnico dessas escolas, hoje está melhor na vida profissional que muitos doutores e eng e também acredito que uma percentagem elevada do empreendodorismo do nosso país são jovens que vem com esse saber mais prático mais adaptado à realidade nacional...a quem PME'S já podem pagar...

Voltemos agora aos dias de hoje...detectado o erro falta de formação nas áreas da multimédia e informática, faz-se o mesmo para todos e todos passam a ser "informatizados"...ok...dá-se um portátil a cada criancinha e depois?...
Quando esta criancinha crescer "viciada" nas informáticas, chegando à altura de escolher a profissão...
Acham que vai escolher, a construção civil?, canalizador?, limpezas?, trabalhar num supermecado ou numa pastelaria?, electricista?, etc...
Vamos se calhar vamos ter que telefonar para Kiev (capital da Ucrânia) para vir um canalizador arranjar um cano routo...

Os portugueses parecem aqueles cães que andam sempre muito alegres e saltitantes, mas quando o dono se vai embora, distrai-se com o seu desporto favorito andar atrás da sua propria cauda...
Ou seja, a história persegue-nos e é cíclica, não conseguimos quebrar e mudar os ciclos...

Por hoje não incomodo mais...

PS- Lançamento do "Power Pá Naite" em versão cházinho quentinho para combater o frio, por um preço tascol...1 eurol...

Jaquim Pimpão

2 comentários:

Jeremias disse...

Um post muito bom, de grande reflexão.
Concordo com o que dizes: há uma certa formatação no que diz respeito à nossa formação académica, começando por achar que ela só tem interesse para ter um bom emprego. Ninguém pensa na educação como uma forma de auto-valorização e vir a ser melhor pessoa e cidadão.

Quanto ao Magalhães vejo-lhe muitas potencialidades enquanto ferramenta educativa mas vejo uma estrutura educativa altamente burocrática e quase na falência que não tem meios de o usar com a pedagogia e recursos humanos e financeiros necessários. Julgo por isso que o seu impacto não vai ser muito grande ou pelo menos tão grande quanto podia ser.

Resta-nos esperar que as coisas melhorem no ensino... está nas mãos de cada um de nós

António Américo disse...

um país de muitos Doutores e poucos "senhores"