quinta-feira, 17 de julho de 2008

Pequenos Olhos Grandes… por: Vodka com Limão

Falávamos de escolhas… uma frase tão simples que Peter Parker, vestido o seu fato vermelho e azul dispara para a tela, para nos dar a tal lição de moral: “Temos sempre escolha…”. O garoto de três anos olhou atento e disse:”Escolhas? Vocês têm poucas escolhas!...eu sou pequeno e tenho muitas escolhas”, abrindo os braços até ao limite. “Vocês só têm estas!” fechando os pequenos braços à sua frente… Aqui estava uma coisa de que não estava nada à espera. Pareceu-me tão verdadeiro aquele pensamento e logo me fiz velha… Será verdade?... Terei eu poucas escolhas nesta fase da vida? Teremos nós, adultos agora, escolhas limitadas? Será que já perdemos as oportunidades que tivemos, estando cingidos a este destino que até agora traçámos?...

Como é possível que uma criança de três anos, ainda que não o perceba, consiga ver mais do que nós próprios o que temos à nossa frente?

Na recta que delineámos, dificilmente seguiríamos um caminho diferente… Já planeámos, já fizemos contas, já sabemos o que queremos… pensando assim, realmente as escolhas que possamos fazer agora terão que ir ao encontro do previsto, do planeado. E nesta altura, teríamos coragem para abdicar de tudo o que já conquistámos? Teríamos coragem para voltar a escolher algo diferente? Mudaríamos nós a nossa vida por completo, em conquista do que ainda aspiramos? Podemos pensar, sonhar, fingir… será que o escolhemos?...

Decidi que quero pensar como o “aranhiço” e poder dizer: “Tenho sempre escolha!...”


Hum… Vodka limão, p.f.

6 comentários:

Chiquita do Amori disse...

Vodka
Nem imaginas o quanto gostei dos teus "Pequenos Olhos Grandes" e do quanto, também eu, por vezes dou por mim a pensar sobre se efectivamente fiz as melhores escolhas.
Realmente sobre essas nada mais há a fazer. Estão feitas.
De qualquer forma, foram essas que nos trouxeram até esta fase da vida e são essas mesmas que nos vão obrigar a fazer outras escolhas, cujas repercussões em termos de futuro serão mais ou menos positivas.
Fazer escolhas é sempre uma tarefa árdua, difícil mesmo. Implica tomada de decisão, que é por si só um processo complexo.
Mas enquanto, se tiver a possibilidade de fazer escolhas, é bom sinal.......o problema é mesmo quando elas desaparecem. E acreditem.....elas desaparecem. O garoto tem razão....
Belíssima contribuição. Adorei a imagem.

Helder disse...

Bom, a “chiquita do amori” dá disse tudo o que eu tinha para dizer, assim sendo, faço das palavras dela minhas palavras.

Na minha opinião, as escolhas só acabam quando nós fazemos a grande viagem, até lá, muitas escolhas teremos que fazer… podemos é dizer que algumas sejam insignificantes, mas são escolhas!

Jeremias disse...

Obrigado pelo teu contributo Vodka.

A questão das escolhas e dos caminhos que tomamos faz-me sempre pensar no livre-arbítrio e pensar em até que ponto tivémos liberdade ou poder de decisão sobre elas.
Talvez elas sejam feitas por mecanismos que não controlamos. Como disse Freud as escolhas que fazemos têm muito de inconsciente pelo que podemos perguntar se faz sentido dizer que as fizémos conscientemente.
Talvez o menino que viste tenha algo que nós já não temos, a inocência e a simplicidade de um cérebro não formatado. Nesse sentido ele faz as suas escolhas num grau de muito maior consciência que aquele que hoje conseguimos fazer.
Em certa medida é assustador achar que quanto mais velhos estamos menor será a nossa "força" em tomar uma decisão livre. Mas, se assim for... então que construamos agora boas escolhas para que, no futuro, sermos influenciados positivamente por elas.

Anónimo disse...

Muitos parabéns pelos "Pequenos olhos grandes", porque afinal são pequenos mas vêm mais do que muitos!

Bem, a questão das escolhas serem maiores ou mais pequenas é um pouco relativo.. sim, é verdade que os pequenos têm um mundo e uma vida inteiros à frente, mas o que os faz ter maior liberdade de escolhas é o facto de ainda não terem tido oportunidade para fazer muitas.. Têm uma infinidade de opções pela frente! nunca é tarde para preseguirmos os nossos sonhos, embora saibamos que algumas essas decisões ja foram tomadas e é-nos difícil voltar atrás.. mas quando estas dizem respeito ao facto de sermos ou não felizes, aí é preciso enchermo-nos de coragem e sermos crianças outra vez, ir buscar aquela força e energia de quando éramos pequenos e dar a volta às coisas! enfim, não é assim tão difícil alterar a nossa vida em certos aspectos, se soubermos que se formos mais felizes vamos provocar a felicidade daqueles que nos rodeiam..

Hum... vodka limão, p.f. disse...

"Escolher´" é de facto difícil e talvez, nem sempre as nossas escolhas tenham sido feitas livremente...

Quanto mais velhos estamos, mais condicionamos o nosso percurso em função do que já fizemos e de quem nos rodeia...

Este menino é realmente muito especial, pois com a sua pequena grande sabedoria nos tocou a todos...

Jaquim Pimpão disse...

Para além de toda a filosofia implícita no tema que também está reflectida nos coment...Gostava de abordar o tema de outra forma, que a falta de qualidade dos gestores portugueses, que são dos melhor remunerados a nível europeu...
Mas em termos de rendimento estão ao nível do pior, em diversos estudos que se tem feito um dos problemas dos nossos gestores e políticos é não saber tomar decisões e quando as tomam ou são no timing errado ou são decisões a medo...
E isto decorre do facto de na escolas não se ensinar a decidir e principalmente a ser decidido na decisão, que também é importante...
Porque pior que não decidir é não acreditar que aquela é a decisão mais correcta e para se acreditar nisto é sempre necessário que a mesma seja bem fundamentada...
Pois é aqui que falha o sistema português raramente as decisões, tomadas a nível empresarial ou político causam polémica...
Para decidir é um facto da vida, e ninguém é infalível e errar é uma portanto há sempre um grande potencial de errar quando se toma uma decisão, no entanto deixar de tomá-la por medo de errar é o pior...

Jaquim Pimpão