quarta-feira, 11 de março de 2009

"Informação. Séria, a que interessa ou a necessária?" por L.C.F

A semana passada, esta Tasca esteve presente no Blogue A Selva. Cabe agora a vez de retribuir e publicar um post do nosso cliente L.C.F..

"Ouvi na rádio, a semana passada, um programa sobre a informação/conhecimento. Um facto que me chamou a atenção, foi o de haver um estudo que dizia, que o homem de 300 anos atrás, adquiria em toda a sua vida, um conhecimento igual ao que se pode obter, ao ler uma edição do Jornal "Financial Times". Vivemos na era da informação, da banda larga. A informação chega a todo lado. Existe uma panóplia de tablóides, televisões, rádios e revistas. Sem dúvida que hoje em dia, quem quiser estar informado e tiver os meios para isso, tem acesso à informação, praticamente em tempo real. No entanto, a informação é cada vez mais manipulada, quer seja pelas fontes da informação, quer pelos jornalistas, mas principalmente por quem recebe a informação. Nós consumidores, cidadãos, contribuintes e eleitores, interiorizamos a informação como bem a queremos entender ou a queremos condicionar. Não há nada que não seja dito, que não possa ser contrariado, quer por uma opinião, por um facto ou mesmo pela nossa percepção. Os factos são cada vez mais evidentes. O acesso a toda esta informação, leva a que tudo seja posto em causa, mesmo a própria informação. Um Governo pode ser eleito com ajuda da comunicação social. Essa mesma Comunicação Social pode ajudar n a estabilidade do Governo, ou simplesmente "puxar o tapete". Este Governo pode manipular os dados estatísticos a serem revelados. A comunicação social vai revelar os dados transmitidos pelo governo, a noticia. A mesma Comunicação Social emite pereceres e opiniões de especialistas, ou não, sobre os dados revelados. O cidadão vai ter acesso a toda esta informação, a estas opiniões e irá formalizar a sua própria opinião. É mais que que certo que a sua opinião irá ser condicionada pelos mais variados factores. Um dos grandes factores que condiciona a opinião geral portuguesa é o desinteresse. Esse desinteresse leva a que as pessoas não tenham um conhecimento mínimo de assuntos importantes, que influenciam o seu dia-dia, o futuro recente e das gerações vindouros. Estamos então perante uma linha, definida por vários pontos e que em cada ponto que atravessa, sofre uma redução e consequentemente é redutora da verdade. A uma certa altura, em que Cavaco Silva se preparava para ser Candidato à Presidência da Republica, usou um termo que nunca mais esqueci, embora o contexto em que ela tenha utilizado, não terá sido o mais absoluto, " a boa moeda expulsa a má moeda". Isso nunca se verificará na informação, pelo menos verificando a educação e interesse "vigente" em Portugal. No programa de Mário Crespo, na segunda à noite, Medina Carreira entre muitas coisas, disse que o programa deveria ser de uma hora e não de meia hora. Um país não pode ir para a frente quando temos uma opinião publica, que na sua maioria dá mais interesse a 3 telenovelas, um programa de futebol e um telejornal sensacionalista que dá directos a correr, cortando o diálogo aos entrevistados por falta de tempo, e no minuto seguinte apresentam uma reportagem sobre um "Reality Show" qualquer ou sobre um tipo que foi apanhado com mais de 4gr/l de álcool no sangue... Esta realidade é um espelho da nossa sociedade. Se como sociedade não temos educação, não temos interesse, não somos produtivos, é mais que óbvio que os nossos representantes, aqueles que escolhemos para os cargos governativos, são também, salvo algumas excepções, resultado do desinteresse pública, incompetência e principalmente, ausência de valores de serviço público. Para concluir, penso ser fundamental em comunicação, cada um deve desempenhar o seu papel. Sendo assim, cabe a fonte dar a informação correcta, verdadeira custe o que custar, cabe ao meio de comunicação difundir a noticia e os diversos pareceres e finalmente cabe ao receptor interiorizar a informação que recebe e a avaliar, "separar o trigo do Joio". Não podemos ouvir ou ler um interlocutor qualquer e tomá-lo como verdade absoluta. A história está cheia de verdades relativas que se tornaram em guerras e catástrofes. Quem já esqueceu a ocupação do Iraque por causa das armas de destruição massiva?"

L.C.F

2 comentários:

Jeremias disse...

Um bom post.

A questão da informação e o seu excesso é uma questão que se deve colocar, em primeiro lugar, no sector educativo.

Nós vivemos numa época onde aprender era, basicamente, trabalhar para recolher a pouca informação que havia (ir à biblioteca, por exemplo). Hoje, com a internet, aprender é, parece-me, a arte de saber filtrar o excesso de informação,saber escolher, saber medir a qualidade da informação recebida, etc.

Não fomos preparados para esta mudança de paradigma mas parece-me que as escolas já começam a educar para a "filtragem". E nós, mais velhos, que nascemos noutros tempos, temos de nos adaptar.

Antes havia informação a menos. Hoje há a mais. É a vida. Adaptemo-nos.

Hum... vodka limão, p.f. disse...

Este post fez-me lembrar uma conversa que tive há tempos. Uma livraria estava a fazer saldos, com descontos superiores a 50% em enciclopédias infantis. Especulou-se que estariam tão baratos, porque já ninguém os comprava…

Na “minha altura”, e concordando com a opinião do Jeremias, a enciclopédia, tal como a conhecíamos, era dos poucos meios que dispúnhamos de procura de informação. Hoje, como aqui é dito, vivemos na era da banda larga. Os garotos já não levam os livros ou a enciclopédia debaixo do braço. Agora levam o Magalhães, com a enciclopédia, livros, trabalhos de investigação e toda outra informação, manipulada, ou não… Não sei se será informação a mais. Penso que esta nunca será demais. Mas tal como aqui, levanto a questão se toda esta informação se estará a tornar mais fidedigna, mais manipulada, ou se servirá alguns interesses.

Mas como disse o Américo, “…cabe à fonte dar a informação correcta, verdadeira, custe o que custar…”