sábado, 8 de novembro de 2008

Ainda sobre as eleições na América

Caros taberneiros,

A semana passada estive na Alemanha a trabalho, pelo que não pude deixar o meu post semanal. Os alemães são pessoas estranhas, que jantam às 6.30/7 da tarde e já não saem de casa, motivo pelo qual a partir das 9 da noite as ruas são um local deserto e aterrador!!! Por esta razão, às 9.30/10 já estava recolhida no quarto, num hotel que, não sendo nada mau, tinha apenas dois canais de televisão em inglês: a BBC e a CNBC.

Ordem do dia: eleições nos EUA!

Num dos dias vi um programa que me deixou estupefacta. Era um debate conduzido por um senhor muito british e polited (correspondente em Washington), dois daqueles analistas xpto, outro jornalista muito in e dois elementos das campanhas de Mcain e Obama respectivamente. A assistir, um público composto por apoiantes de cada uma das partes, que lançava as questões e podia emitir comentários.

Independentemente dos méritos e deméritos dos candidatos, que tanta tinta já fizeram correr nesta tasca, há umas quantas conclusões que pude tirar:

1. Os americanos acham mesmo que são o centro do mundo, e que sem eles nós não vivemos (God save America);
2. Para além de se acharem os maiores, andam a dormir um sono profundo e a sonhar com o Pai Natal (quando alguém fez referência ao facto de que imagem dos americanos no mundo estava em queda e que havia um sentimento anti-americano em muitas partes do globo, há um senhor professor catedrático que emite um comentário do género: "Isso é o maior absurdo que eu já ouvi! Já viajei por todo o mundo, já estive em mais de 56 países, e o mundo ama a América!" A minha questão foi: este senhor é mesmo estúpido, ou é só cego?);
3. Os americanos são mesmo uns totós! Os argumentos que eu ouvi naquele debate faziam lembrar verdadeiras discussões entre crianças (dizia um membro da campanha de Mcain em relação ao Iraque: "A diferença entre Mcain e Obama é que Obama quer deixar o Iraque e Mcain quer deixar o Iraque com uma vitória"! E no fim, mais um God save America).

Depois do que vi e ouvi naquele programa, e se ele retratar efectivamente a sociedade amerciana (vá, vamos dar o benefício da dúvida - pode ter sido só um erro de casting), então será efectivamente necessário que God dê aqui uma mãozinha, e salve a America!

Imita Alces

2 comentários:

Jeremias disse...

Pessoalmente não encontro grandes diferenças entre a "arrogância dos EUA" e a "arrogância de Portugal". A única diferença é que eles se acham "os maiores" no século XX e XXI e nós achamo-nos "os maiores" dos séculos da época dos descobrimentos.
A noss ingenuidade é semelhante à dos americanos quando somos levados a pensar (acreditar) que fomos a única potência colonialista "bonzinha" (muito amada pelos povos colonizados que nos pediam para sermos eternamentes seus amos e eles nossos escravos) ao passo que os espanhós, britânicos e outros foram impérios cruéis que brutalizaram as suas colónias.

Creio que esta percepção é agravada pelo facto de termos hoje comunicação social e na época dos descobrimentos não. Assim somos levados a pensar que nas centenas de anos que governamos Timor fomos "uns fixes" e nos meros 15 anos que a Indonésia fez o mesmo estivémos na presença "do horror, do drama, da tragédia!"

Haja paciência para tanta ingenuidade. A dos americanos e a nossa.

Hum... vodka limão, p.f. disse...

Confesso que também tenho essa opinião sobre os americanos... mas no fundo, como diz o Jeremias, nós próprios ainda vivemos um pouco à custa do nosso passado... talvez devêssemos encarar este novo mundo como uma descoberta e tentar ter um pouco da garra que tivemos outrora.