quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Mobbing

Aprendi um estrangeirismo novo: o mobbing.

O mobbing é uma prática no local de trabalho onde se faz "a vida negra" a um funcionário para levar este a pedir a demissão. É uma táctica de desgaste que pode passar pela troça, dar ao funcionário tarefas muito abaixo das suas qualificações, colocá-lo em espaços isolados fora do grupo social da empresa, etc.

Aparentemente, vale tudo menos arrancar olhos.

Curiosamente quando li a resportagem sobre o mobbing pensei nos professores. Não há classe hoje em dia que sofra, em minha opinião, de um mobbing tão sério e claro. O governo usa todos os meios que acha legítimos para vencer pela exaustão esta classe, fazendo-os pedir uma reforma antecipada (e beneficiando dos lucros que daí advêem) e, desta forma, dar lugar aos muitos professores que estão no desemprego. São as avaliações, são as aprovações obrigatórias de alunos iliterados, são as burocracias de um sistema paralisado, são o facto de seram alvo de chacota com direito a transmissão no Youtube...

Não costumo ser adepto das "teorias da conspiração" mas se perguntarem aos professores verão que, em sua maioria, estes acreditam que o mobbing, de facto, ocorre. A classe é uma das que mais antidepressivos toma e que mais sofre de problemas psicológicos. E isto não é uma coincidência. Não é pois como dizia o polícia, no filme de David Lynch Estrada perdida, "There's no such thing as a bad coincidence".

6 comentários:

Hum... vodka limão, p.f. disse...

Já lá vai o tempo em que ser professor era uma profissão bastante respeitada... os professores só casariam com alguém que possuísse "qualificações" à sua altura... médicos, enfermeiros, advogados, etc...

Convivi relativamente de perto com as tais pressões feitas aos professores e concordo contigo Jeremias, são das classes que mais problemas psicológicos sofrem.
Deixaram de ser valorizados e já não falando das polémicas avaliações e restantes burocracias e papeladas (que lhes retiram tempo para se dedicarem mais aos alunos), o pior mesmo é o facto de serem como dizes, alvo de chacota e muitas vezes vítimas de agressão por parte de alunos e respectivos encarregados de educação (que deveriam dar o bom, não mau exemplo).

Mas acredito que este tipo de situações se verifique, infelizmente, em quase todos os tipos de trabalho...

António Américo disse...

Olha jaremiaa, eu ja tinha visto esa palavra, mas pensava que era a nova geração daqueles brinquedos, o PLAYMOBING ou mesmo o filho da MOBINGDICK...

Jaquim Pimpão disse...

Devo confessar amigo ...Mias, que não concordo muito com o "post", até porque falas de uma classe que age e pensa como corporativista, cujo, o supremo interesse é não tocarem nos seus "direitos", e tenho ouvido muito coisa agora propostas concretas com argumentos, pouco ou nada...
Quando vivemos num país que paga de reforma mínima 200€, que com que muitos idosos tem que se contentar, não consigo ter "pena" dos professores públicos...porque no privado e desses temos ouvido pouco ou nada os senhores dos sindicatos falarem...
Quase todas as profissões, e no privado mesmo todas tem avaliações e formas de avaliar resultados portanto os professores não são diferentes...
É a minha opinião dita numa tasca livre e democrática...

Jaquim Pimpão

António Américo disse...

Pimpão, o problema é que os professores ganham pouco, tal como os atlestas olimpicos. Não era eu que me levantava todos os dias, podendo ficar na cama por 1 000 ou 1 500 euros... mais vale ser reformado a ganhar 200 euros que fazer o que gosto e sacrificar o dia por 1500 euros a fazer uma coisa que possivelmente até é a sua vocação. Realmente é chato ter um horario de 22 horas semanais

Hum... vodka limão, p.f. disse...

Acredito que existam professores que gostam realmente do que fazem e que têm vocação para tal... tb acredito que existam outros que estejam bastante desiludidos e incapacitados de desempenhar bem a sua função pelos factores que já foram referidos, ou ainda por outros... por vezes o dinheiro não compensa o desgaste e a desilusão de tentar dar o melhor e não conseguir...

Já agora, não são só os professores que ganham bem... foram é conotados como ganhando muito e fazendo pouco... e isso meus amigos, é o que mais há por aí...

Black Label disse...

É certo que os professores têm sofrido pressões, depressões e desilusões que nunca pensaram vir a sofrer quando, por interesse ou falta dele, decidiram enveredar por essa carreira. È certo que têm um trabalho ingrato, pois, quando têm sucesso, não lhes vêem reconhecido o devido mérito e, quando falham, ninguém lhes perdoa! No entanto, penso que isso se deve mais a uma progressiva desvalorização do seu papel, enquanto actores sociais, do que a uma prática deliberada e consciente, imposta por um governo, decorrente de critérios meramente economicistas. Aliás, penso até que o mobbing não seja possível numa estrutura tão “pesada” como o Ministério da Educação, ou outro com dimensão semelhante. Sim, acredito que o novo sistema de avaliação de desempenho que está a ser aplicado à classe docente pode ser, para estes profissionais, extenuante! Mas a verdade é que, apesar do sistema não ser perfeito (naturalmente, até porque é a primeira tentativa a sério e, como tal, terá de ser refinada) está mais que na hora de aqueles que se destacam possam ser distinguidos e aqueles que não se esforçam não tenham que ser obrigatoriamente promovidos, só porque exercem (ou assim o afirmam) a profissão há algum tempo…