quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Go Obama, go!

Em 1991 os Estados Unidos, a pedido das Nações Unidas, participaram numa missão na Somália com o objectivo de ajudar a distribuição de alimentos num país que estava dilacerado por senhores da guerra. Mais tarde a missão das Nações Unidas alargou os seus objectivos e, pretendendo reconstruir a nação, interveio militarmente contra agressões a alguns dos seus homens. Os EUA participaram numa destas missões e, como consequência, 19 militares americanos morreram. O episódio é bem conhecido e pode ser visto no filme "Cercados" (BlackHawk down).

Este episódio, altamente desmoralizante para os EUA, fez Bill Clinton e as posteriores administrações diminuir a presença militar em países do 3º mundo onde não estivesse em causa a segurança dos EUA. Como resultado, os EUA não intervieram em alguns massacres que marcaram a década de 90 como o genocídio no Ruanda ou os massacres na Jugoslávia.

Agora é a República Democrática do Congo que tem problemas humanitários gravíssimos e que, se não se actua depressa, poderão tirar a vida de milhares de pessoas. A minha esperança é que Obama, tendo raízes africanas, possa ser mais sensível a estas questões que os seus antecessores. Por outras palavras, defendo uma intervenção militar americana se for necessário. Ou Russa, ou Sueca ou do Nepal. Tanto me faz. Há que ajudar e intervir. E rápido.

Acuso assim uma certa esquerda portuguesa e europeia que, vendo em todas as atitudes bélicas americanas uma forma de "imperialismo", coloquem os EUA na frágil posição de não querer, também por esta razão, intervir em nações subdesenvolvidas. Entendo que as más políticas americanas em vários continentes tenham dado aos EUA uma merecida imagem de potência "neo-colonialista" e "imperialista". Mas isto não significa que os EUA não devam actuar quando a crise é grave e urgente. Há necessidade de uma "Polícia do Mundo" e as nações mais desenvolvidas terão certamente mais responsabilidade que as outras em exercê-la.
A crise na República Democrática do Congo, é grave. Há que intervir. Com acção e não com discursos.

4 comentários:

Jaquim Pimpão disse...

Amigo compreendo o teu apelo mas...primeiro não concordo com os Estados Unidos terem que ser os polícias do mundo, já existem os capacetes azuis, e essa força é que devia ter mais força e ser mais interventiva, assim queiram os países das Nações Unidas...agora as Nações Unidas não podem funcionar como até aqui, manipuladas de alto a baixo pelos Estados, e esta atitude sobranceira é que condiciona toda a actuação das N.Unidas, ficando sempre a ideia que as suas decisões são as que os USA querem...ora a seguir entrar num qualquer país para intervir dá sempre a ideia de "imperialismo" como referes...Eu penso que é urgente os países da União Europeia organizarem-se em termos militares, para aos poucos ganharem força para intervir no mundo, criando um equilibrio mundial mais saudável, e acabar com a NATO...

Jaquim Pimpão

Black Label disse...

Pena é que as sucessivas intervenções militares que têm ocorrido em diversos cenários pequem por defeito. Isto é, funcionam, na maior parte das vezes, para a população em desespero, como pouco mais do que balões de oxigénio, não alterando de forma significativa o status quo estabelecido nas regiões em que ocorrem (excepção feita ao Iraque). Mudam os actores (leia-se criminosos), mas a catástrofe continua.
Se calhar, a solução passa por, tal como o Joaquim Pimpão sugere, a União Europeia ser isso mesmo: Uma União. Não só de pessoas e territórios, mas acima de tudo uma união de políticas (económicas, sociais, de estrangeiros, financeiras e também militares).
Parece-me que para conseguir tal feito, seria necessário excluir o Reino Unido!!

António Américo disse...

Concordo com os comentarios que aqui foram proferidos (ando outra vez a ler o dicionário, é só utilizar palavras caras...). Penso que é absurdo os EUA terem a presunção de serem os policias do mundo. Existem organizaçoes como a NATO, que enviam os capacetes Azuis, assim haver um concenso em decisões. Penso mesmo que Obama não quer carregar uma Cruz, que tem prejudicado a imagem dos EUA, de ser policia e intervir fora do seu país, até porque a crise que abala o pais, não permite que o orçamento seja esgotado desssa maneira, e canalizando verbas para actuar fora de fronteiras.

Jeremias disse...

Devo dizer que concordo com as vossas opiniões... talvez seja mais salutar uma intervenção (americana, russa ou outra) num quadro internacional, como as Nações Unidadas. E, de facto, deve-se dar mais poderes à ONU embora acredite que seja difícil as nações desta organização darem poderes militares à mesma quando ela pode, em último caso, intervir na sua própria nação.

Mas vejo o que se passa no Congo e assusta-me a "não intervenção" por causa das burocracias, leis, e coisas assim. Há urgências onde se deve intervir primeiro e pedir autorização depois.