terça-feira, 10 de junho de 2008

Indignação portuguesa

Esta semana, vou falar da "indignação portuguesa" contra os suiços e trago este tema porque já estive e vivi na Suiça, alguns meses (1994/95) e por isso conheço alguma coisita do país e o modo como pensa o povo suiço...
A indignição surgiu-o porque um país organizado e civilizado, tem uma lei que condiciona o uso de simbolos nacionais de outros países no seu território e assim os muitos emigrantes portugueses a trabalhar na Suiça, ficaram condicionados no uso da nossa bandeira em solo estrangeiro...
Que ousadia e estupidez uma lei a condicionar o uso de simbolos nacionais de outros países, são mesmo parvos os suiços, pensaram e disseram muitos portugueses...
Pois eu digo sou completamente a favor porque esta lei não foi feita só por causa do euro nem muito menos contra os portugueses, os suiços desde pequenos são educados a ter amor à pátria e a respeitar os simbolos nacionais, quando lá estive era frequente ver nas vivendas um mastro com a bandeira helvética e muitos tinham também a bandeira do cantão...
Quer dizer eles não são patriotas porque apareceu um Scolari qualquer a pedir, eles são educados a amar o seu país desde tenra idade...
E por, educação são contidos e extremamente racionais ao contrário de outros povos que exageram nos festejos e no modo como exteriorizam em demasia algumas vitórias, que por momentos dão visibilidade ao nosso pequeno país...
E para mim, é mais importante a forma como os suiços respeitam os outros, sendo uma sociedade evoluida no modo como tudo o que fazem é para ser bem feito à primeira sem esquecer todos os pormenores...
Não imaginam o deslumbramento que foi chegar aquele país vindo do Portugal de Cavaco Silva sem nunca ter saido do país, a pensar que o nosso país estava muito evoluído e no pelotão dos mais modernos, foi um choque tremendo...
Ainda hoje o nosso país tem que "pedalar" muito para chegar aos calcanhares da Suiça, onde as cidades são construídas a pensar no bem comum e não no bolso individual de alguns...
Onde pessoas com alto nível de educação (cientistas, engenheiros etc) vão para o emprego de bicicleta ou transporte público, porque é uma sociedade sem "peneiras" onde o mecânico ou o canalizador tira um curso e é respeitado na sociedade tal como um doutor, porque o seu trabalho é valorizado como sendo essencial ao funcionamento da sociedade...
Uma sociedade que respeita e educa as novas gerações a respeitar o ambiente por isso vi pessoas a apanhar o cócó do cãozinho porque lá feio é deixar na rua para os outros pisarem, vi pessoas a deitar a beata do cigarro para o chão apagarem com o pé e apanharem para colocar no lixo...
Foi uma experiência fantástica, mudou a minha forma de estar e pensar para o resto da vida...aprendi que as coisas se podem fazer bem feitas à primeira, desde que haja planeamento e organização...
Costumava brincar com eles dizendo-lhes que "...vocês tem tudo dinheiro, organizaçõa, montanhas, etc mas não tem uma coisa que é impagável...as bonitas praias portuguesas..."
E por falta duma lei em Portugal e de sermos educados nos valores da pátria, uma das boas coisas que o antigo regime fornecia ao povo, houve uns rapazinhos portugueses que na Letónia resolveram roubar uma bandeira dum edificio público e brincar com a mesma, pois o que aconteceu a seguir é que foram presos e julgados...
É verdade, que a culpa é deles mas também do país que não os ensinou a respeitar os simbolos nacionais e assim não sabem qual o seu valor, daí terem "brincado" inocentemente (acredito eu) mas que no caso de países instruídos isso tem custos, como foi o caso...

Jaquim Pimpão

6 comentários:

Wizard disse...

Isso recorda-me uma polémica que foi levantada ontem pelos partidos de esquerda, mais concretamente pelo Bloco de Esquerda, sob a palavra do Prof. Fernando Rosas, que se insurgiu contra as palavras do nosso Presidente da Republica, prof. Anibal Cavaco Silva, quando se referiu ao dia de hoje como sendo o Dia da Raça.
Tenho a certeza que se não se tivesse mexido nos programas escolares, em que se ensinava o significado da nossa bandeira, o nosso hino nacional, o valor da pátria e outros valores do género, hoje em dia não se viam os desrespeitos pelo nosso país como se vêm e certamente nesse aspecto veriamos um maior orgulho pela pátria e um maior respeito pelos simbolos e valores da nação.
Nesse aspecto, acho que foi uma das coisas importantes que se perderam após o 25 de abril com algumas politicas de esquerda.
Ainda hoje, eu que fui militar, ainda que "apenas" do Serviço Militar Obrigatório, sinto emoção e fico arrepiado ao ouvir "A Portuguesa".

Anónimo disse...

O respeito à pátria é algo que devia ser incutido desde tenra idade. Tal como diz Wizard, esse espírito perdeu-se com a queda do Estado Novo. Apesar de ser um regime ditatorial e de ter tido bastantes aspectos negativos, houve também alguns positivos e este era um deles.
Acho bonito ver uma bandeira em cada varanda e em cada janela. Mas porque é que tem que ser apenas por alturas do Euro 2008? Ou dos campeonatos que envolvem a selecção nacional de futebol? As outras selecções desportivas não merecem igualmente o apoio patriótico do povo português? Acaba o Euro e lá se vai o patriotismo! Arrumam-se as bandeiras até daqui a dois anos, isto se a selecção voltar a participar no mundial!

Hum... vodka limão, p.f. disse...

Confesso que esta história de bandeira me soa sempre a hipocrisia... com o futebol estamos todos pelo país... mas a qualquer momento lá estamos a criticar tudo e todos... só queremos ser portugueses quando ganhamos campeonatos... quando sentimos dificuldades, estamos sempre prontos a mudar de país... acho uma hipocrisia... quando falo em nós, claro está que não falo em mim nem em quem pensa como eu e peço desculpa se ofendo alguém, mas como disserem wizard e ana, acaba o euro, lá se vai o patriotismo...

António Américo disse...

a Seguir ao 25 de Abril, deu-se um "achincalhar" de todos os rituais que tinha uma conotação Nacionalista. Mas os nossos pseudo-comunistas, nunca olharam para dentro do regime. todos os países comunistas têm um culto patriítico e só assim galvanizar a comunidade numa ideologia. Este critério é transversal a qualquer ideologia política, ou pelo menos deveria ser. O ser patriótico não tem nada relacionado com ideologia política, é uma questão de cidadania, logo, é nosso dever zelar por aquilo que nos faz diferente no meiuo de tantos. Somos membrosde uma europa e do mundo, mas com uma cultura unica, para o bem e para o mal. Somos Portugueses. No que diz respeito aos Suíssos de condicionarem o uso de simbolos nacionais de países estrangeiros, considero excesso de zelo. Mas eles são assim, e quem vai para lá tem de adoptar as regras deles. Em roma Sê Romano, quem não concordar, pode sempre ser recambiado para o país de origem...

Jeremias disse...

São sempre difícieis as questões que envolvem "o que é portugal", "o que é ser português", etc... as coisas começam com uma intenção boa (patriotismo) e podem acabar numa má (nacionalismo). A questão do futebol é delicada: veja-se as celebrações dos portistas quando o FCP ganha e digam-se se aquilo é só alegria desportiva ou se mete, por vezes, uma afirmação de orgulho contra "lisboa", "mouros", etc. Veja-se a questão da nacionalização do Deco e digam-me se faz sentido, caso este marcasse todos os golos de um mundial, dizer que "os portugueses ganharam o mundial".

Pessoalmente considero-me um "patriota não praticante", alguém que gosta de pertencer a uma comunidade e identificar-se com ela mas sem os fanatismos de achar que esta é a melhor ou especial. Como qualquer comunidade, há coisas boas e coisas más.

Kika disse...

Bem, eu nem queria comentar as assimetrias existentes de país para país, é natural que existam.
Mais grave é realmente as assimetrias regionais... Basta compararmos Porto/Lisboa. Os primeiros são defensores ferranhos da sua região e quanto a mim não é só a nivel de desporto (futebol clube do Porto), é em tudo... Quanto ao resto do país não me parece que haja uma defesa assim tão acentuada da sua região. Quando somos todos portugueses e deviamo nos unir sempre e em qualquer circunstância (não só quando Portugal joga) mas sem radicalismo e fundamentalismo. Para tudo é sempre preciso bom senso, nem oito nem oitenta!!!
Quanto á Suiça, pois lá as pessoas com "alto nivel de educação" vão para o emprego de bicicleta ou transporte público isso é sinal que os licenciados têm oportunidades de trabalho, por aqui por muito que queiramos ir de bicicleta ou transporte público não ha oportunidade de exercer uma profissão para a qual se estudou, portanto a questão das "peneiras", quanto a mim é uma falsa questão...
Mas realmente é um post onde haveria muito a discutir.