sexta-feira, 11 de abril de 2008

Globalização: um assunto a debater.....

Bruno Proença, subdirector do Diário Económico Online, redigiu um artigo ao qual lhe conferiu o seguinte título “Salvem a Globalização”.
A pergunta que não consigo deixar de colocar após a leitura do referido artigo, é se realmente a globalização será assim tão benéfica. Fala-se em diminuição da pobreza mas tenho algumas dúvidas. As favelas no Brasil têm diminuído?
Não me parece. Inclusive, até já são cenário para a realização de telenovelas, com a agravante de virem a ser (se já não são ainda) consideradas lugar a visitar nos roteiros turísticos do Brasil.
Se ela é benéfica, é benéfica às custas de quem? Pergunto.
A China vê os seus produtos a terem maior presença a nível mundial, é facto consumado. Em qualquer lado, vemos produtos com a etiqueta “Made in China”.
Mas continuo a perguntar às custas de quem?
De uma mão-de-obra barata talvez, não?
Do encerramento de inúmeras empresas têxteis portuguesas.
Do elevado número de portugueses que ficam sem os seus postos de trabalho.
Riqueza? Para alguns portugueses não creio, nem mesmo para o pobre operário chinês (pelo menos no curto prazo).
Enriquecem umas pessoas às custas de outras, assim como crescem umas economias às custas de outras. É a apelidada “lei do mais forte”.
Normal é, que aqueles que obtenham proveitos com a abertura dos mercados defendam a globalização, que não será o caso com toda a certeza dos inúmeros empresários do sector têxtil que viram as suas vendas a decrescer abruptamente após a entrada no mercado português dos produtos chineses e daqueles que não se apercebendo, indirectamente têm ficado sem os seus postos de trabalho na sequência da revolução tecnológica nas comunicações e na electrónica, apontada esta como uma das características da globalização.
A pergunta que eu coloco é: será que ninguém se apercebe que pior do que as repercussões que uma abertura de mercados acarreta nas diversas economias, são as repercussões da evolução tecnológica nas comunicações e na electrónica? Pois então, pensem comigo….
Nas camadas jovens e não só, a prática do envio de email’s não tem aumentado?
“Manda-me um email” é o que mais se ouve dizer em todo o lado.
Junto dos organismos públicos (Instituto de Emprego e Formação Profissional, Segurança Social, Finanças) actualmente tudo começa a poder ser feito via internet: envio de IRS/IRC, pagamento de impostos, pedido de declarações/ certidões, etc.
Perde-se menos tempo. É mais barato, diz-se.
Não deixa de ser verdade quanto à questão das perdas de tempo, mas amigos e amigas taberneiras se eventualmente houvesse maior número de contratações, estas perdas de tempo não poderiam ser evitadas, pergunto?
Mas isso, implica custos acrescidos respondem. Pois, resposta praxe.
Mas não posso deixar de dizer, meus bons amigos e amigas preparem-se para mais dia menos, menos dia perderem os vossos postos de trabalho, porque sereis bem dispensados ao ritmo que isto anda. Não se trave isto a tempo….
Compactuemos com esta situação e acreditem que pior do que a nossa geração, estará a geração futura, ou melhor, os nossos filhos…..
Actualmente, vamos ao banco e os seus inconscientes funcionários só sabem dizer:
Essa operação pode e deve ser realizada nas nossas caixas multibanco.
O produto X e Y, é mais rentável se for subscrito via internet.
Pode fazer as suas operações bancárias via internet, basta inserir uma password.
NÃO. Respondo eu. NÃO compactuo, nem posso compactuar.
Ah! Evita-se perdas de tempo, dizem todos vocês.
E eu pergunto: às custas de quem é que os bancos conseguiram os lucros até agora obtidos?
Não terá sido também à mercê de uma substancial diminuição nos custos com o pessoal?
A repartição dos lucros chegou ao vosso bolso? (Aos meus bolsos, não chegou um cêntimo).
Como vão os nossos filhos se sustentar num futuro próximo?
Questão pertinente, não? Reflictam sobre o assunto e digam qualquer coisa…..

6 comentários:

Helder disse...

Ora ai está um artigo bastante interessante de comentar.

A Globalização veio, e veio para ficar, é um facto!

No entanto a globalização levou a que os consumidores tivessem mais opções de escolha, a que os preços baixassem, mas, não descuido que o aumento esperado dos vencimentos não tivesse sido os desejado, mas olhem que os processos produtivos foram melhorados.
E no que toca à melhoração dos processos produtivos, quais foram as empresas testeis e outras que tiveram de fechar?
Para mim, foram aquelas que se fecharam ao desenvolvimento tecnológico, aquelas que não investiram em I&D ou não aproveitaram as oportunidades que a Globalização oferece, e também aquelas que usavam mão-de-obra infantil, algo habitual nalgumas indústrias.

Mas a globalização a nível informático/electrónico, trouxe benefícios.

No que concerne aos bancos, é verdade que muitos funcionários ficaram de fora com o advento das ATMs e do Net bancking. Mas também é certo, os horários laborais são incompatíveis com as idas aos bancos.
Quantas de nós, tivemos a necessidade de ir a um banco à hora de almoço, e ter de sair da fila antes da nossa vez? E tudo porque o tempo da hora de almoço chegou ao fim.

No que toca ao futuro, ele é demasiado sombrio para que o possamos ver.
O mais provável é haver uma remodelação da definição do que actualmente se trata do que é um trabalho. Que as pessoas passem a trabalhar a partir de casa, ao exemplo dos (webdesigners). E que a nível das empresas produtoras, o mais provável é a sua robotização em só irá ser necessário ter um operador por cada 3 máquinas.

Agora, quem não se actualiza, é ultrapassado, e essa actualização tem de estar sempre a ser feita, se há tempo para tanta coisa… acho que não, como também acho que o papel Família cada vez ira ter menos importância.

Hum... vodka limão, p.f. disse...

O conceito q tenho de globalização é de q é um processo de integração económica, mas também social, cultural e política. Um processo de integração mundial de bens e serviços, trabalho, tecnologia e capital, que faz com que as fronteiras entre países a esse nível, quase não existam, tornando impossível para qualquer país no século em q estamos querer fechar-se ao exterior…

“…é um processo de lenta evolução e que demorará bastante tempo a completar-se…”

Cabe-nos a nós cidadãos e aos nossos governos lutar contra os abusos a todos os níveis.

Fala-se num mundo mais pequeno, numa aldeia global…não me parece que seja uma sentença assim tão má a "tal" globalização…

António Américo disse...

A globalização não é algo que podemos evitar, qualquer pais só consegue "existir" mediante a uma adaptação ao, citando o que escreveu Hum... vodka limão,p.f., "processo de integração económica, mas também social, cultural e política". É totalmente impossivel não apanhar esta corrente, e se olharmos para trás, esta globalização, em minha opinião, começou com o plano Marshall, que era nem mais que a cooperação entre os Estados Unidos e a Europa, com troca de ajudas por Produtos, ajudas essas que visavam a reconstrução da Europa depois No Pós 2ª Guerra Mundial. Esta troca de interesses abriu os mercados. Por um lado os E.U.A da América Abriu os cordões à bolsa, mas teve como beneficios uma estimulo na produção nacional, uma vez que aumentara as suas exportações. A Europa teve tambem a sua melhoria, não podemos esquecer que França e Alemanha Foram arrasadas pelos combates, as industrias e habitações sofreram os impactos da guerra, e passado 30 anos do fim da guerra, França e Alemanha, são países que estão na frente da economia mundial. Tal como hoje. Antes do Euro, o Banco Nacional Alemão, o bundesbank, era o grande indicador da economia Europeia. Portugal embora não tenha participado na 2ª Grande Guerra, poderia mas não aderiu ao plano Marshall, por vontade de Salazar, mesmo sem ter sido arrasado pela guerra, não conseguiu acompanhar o resto do crescimento da Europa. A globalização tem virtudes e obviamente em outra face, como já foi dito no post e pelos outros comentadores. Penso que cada consumidor tem um papel nesta globalização. nós temos o poder de compra. Por vezes a compra de produtos estrangeiros significa apenas um ganho de poucos centimos, mas esse ganho pode significar alguns euros anuais em cada contribuinte, Se em vez de comprarem produtos mais baratos estrangeiros e optarem por produtos nacionais, estão a promover a industria nacional, os postos de trabalho da população Portuguesa e contribuir para o bens estar socio ecoómico de todos os portugueses. A médio/longo prazo teremos beneficios de possiveis baixa de impostos, devido a uma diminuíção do desemprego, logo menos despesa da segurança Social. Basta estar Atento, hà varias campanhas que identificam os produtos nacionais.

Torrão de Alicante disse...

Ola!
Isto é sempre um assunto com prós e contras, já se sabe.
Depois de ler os comentários ñ resisti e tenho que deixar o meu. Ó Toino Américo como queres que compre mais caro se ando a contar os trocos para os mais baratos? Essa coisa de ter poder de compra ñ é para todos...e quem é que abdica de comprar mais coisas ou ñ ir para os sítios que quer, ou ñ deixar de beber 1 copo só para comprar produto nacional? Podemos ficar mais bem servidos mas ñ sei se há mt gente que alinhe nisso, eu por força das circunstancias ñ posso e cm sei creio que há mt + gente em Portugal que tb ñ pode.
Pipas de Vinho
Torrão de Alicante

Jeremias disse...

Como diz John Perkins, no dia em que o Africano e o Chinês exigirem salários dignos e o fim da exploração que as empresas lhes impõem, os Europeus e o Americano sverão os seus bens de consumo ao dobro do preço... como não estamos interessados nisso, somos nós próprios, os ocidentais, que pactuamos com a pobreza e exploração destas nações.
Concordo com a Chiquita, a "revolução" tem de começar connosco. E o mal talvez seja a exploração do homem pelo homem, como diz o velho slogan comunista, e não tanto um mundo globalizado ou não. Haja justiça social e, parece-me, a globalização pode ser mais uma coisa boa do que má.

Chiquita do Amori disse...

Jeremias, deixa-me final....
Pois, enquanto não há........como bem o diz a minha cara amiga taberneira- torrão de alicante,vivemos nesta angústia por um futuro que, de dia para dia nos é apresentado como pouco risonho. Vivem os portugueses e muitos outros, na angústia de possuir uns trocos para comer e futuro? Não pensem nisso....Pois enlouquecem de vez. Garantias de futuro? Não há...Deus nos ajude a todos a não ter que mendigar por um pedaço de pão.