segunda-feira, 26 de maio de 2008

Ensino Português VS Espanhol – parte II

Bom dia a todos!

Na semana passada falei sobre a diferença que existe relativamente às condições das universidades, hoje vou falar sobre os métodos de ensino.

Se no que diz respeito às condições físicas os nuestros hermanos não se podem queixar, o mesmo já não se pode dizer dos métodos de ensino.

Aqui os professores do superior tem vida santa, ou seja, nas teóricas passam o tempo todo a ler power point, e nas práticas estão comodamente sentados na sua cadeira com o seu portátil a fazer sabe-se lá o que. Ensinar?? Penso que esse verbo não existe por aqui… Eles disponibilizam os ditos power points mas não tem quase nada daquilo que precisamos, a política por cá é mesmo “salve-se quem poder”. O Google é o nosso melhor professor… (algo ridículo).

Por aqui muitas das cadeiras tem precedências, isto é, enquanto não se fizer a cadeira X, não se pode fazer a cadeira Y e Z. Acontece que há pessoas a fazer cadeiras de 1º, 2º, 3º, 4º e 5º… (estranho, não?)

Em Portugal também há muitos professores que com vida santa mas na generalidade lá vão ensinando qualquer coisa. E na maioria dos nossos estabelecimentos (pelos menos nos Politécnicos) os professores mostram-se mais disponíveis fora das aulas. Aqui tive algumas situações lamentáveis, por exemplo numa cadeira para a qual não tinha bases fui falar com a professora e ela simplesmente me respondeu: “Se não sabes não sou eu que te vou ensinar”. Ou quando enviei uma “tutória” a um professor questionando-lhe como poderia estudar o teste, a sua resposta foi “vê as praticas”. Hilariante!!!!

Bem por hoje é tudo

Pipas de Vinho!!!

Torrão de Alicante

P.S.: Caros clientes não se esqueçam de ir reservando mesa para o espectáculo com o nosso artista convidado, já não falta muito. :)
Bom dia a todos!

7 comentários:

Chiquita do Amori disse...

Será Bolonha no seu auge?????

Jaquim Pimpão disse...

Pois...desta vez concordo a Chiquita...Bolonha in the best...no entanto será mais uma questão de alguns senhores professores que não concordam com Bolonha e então a sua forma de mostrar que o sistema não presta é não coloaborando e levantando entraves para depois puderem dizer "...Nós avisamos isto assim não funciona..." pois tá claro nem Bolonha nem outro qualquer sistema funciona se os senhores não se dedicarem, já não digo o máximo mas o minímo...
Torrão já falta pouco para regressares à bem dita e adorada ESTG...

Jaquim Pimpão

Jeremias disse...

Torrão, gostei da tua frase "O Google é o nosso melhor professor"... olha que há muitas abordagens pedagógicas que fazem dessa autonomia do aluno enquanto "procurador" do seu conhecimento o seu apanágio!
Não quero criticar os alunos pela falta de algum método na procura do seu próprio conhecimento, até porque estas técnicas de aprendizagem, como quaisquer outras, devem ser ensinadas e encorajadas pelos professores e não o são. Mas a experiência diz-me que infelizmente o nosso sistema de ensino habitou os alunos a estudar com a papinha-feita, isto é, com a "sebenta".
As sebentas são conhecimento que alguém mastigou e estruturou. Um aluno não tem qualquer dificuldade em ler por uma sebenta porque o verdadeiro trabalho - a pesquisa e sistematização da informação - já foi feita pelo professor. O aluno só tem de comer uma "palha já digerida" pelo professor e fazer o teste.
A vida real não é assim e Bolonha tenta responder a isso. Por exemplo, os fóruns de discussão das plataformas de ensino à distância promovem uma procura de conhecimento colaborativa muito pedagógica. Mas o problema de um fórum de discussão (ou um chat) é que as n mensagens que lá estão não têm a matéria devidamente estruturada, pelo que um aluno tem de ter o trabalho de as ler, sistematizar, catalogar, filtrar, etc... O aluno não está para isto porque o aluno foi treinado (tal como eu fui) à sebenta já devidamente preparada e convenientemente oferecida... e depois, queixava-se o aluno, que aprender era marrar! Pois claro que era, se era a sebenta que ele lia! Ele não construiu a sua forma de pensar!
Torrão, conheço bem o teu desespero (testemunhei-o quando te fui visitar e sou teu desabafador no messenger e sei as dificuldades acrescidas que tens por seres "estrangeira") mas todos nós ganhamos se aprendermos que a vida é difícil e o nosso emprego pode muito bem depender da competência que temos em sabes procurar informação, catalogá-la, sistematizá-la e produzir novos conhecimentos... Bolonha pode ser uma boa oportunidade para os alunos começarem a pensar por si mesmos. Tenho essa esperança e como aluno que também sou, queixo-me do trabalho extra que tudo isto dá mas nunca tive tanto prazer em fazer certas conquistas quando aprendi algo que procurei por mim mesmo....

Torrão de Alicante disse...

Caro Jeremias, por um lado entendo o que queres dizer, mas por outro ñ posso assistir a esta falta de empenho e de disponibilidade dos professores. O que pedi à prof era apenas uma breve explicação sobre o funcionamento da aplicação e nem isso me foi capaz de dar.
Afinal para que servem os professores?? Eu assim tb vou para o ensino (mas tem que ser superior pq os outros do básico e secundário estão cada vez mais sobrecarregados de trabalhos para dar tudo feito aos alunos) vida santa que os do superior têm, "os alunos que façam".
Aqui chega-se ao exagero, tal como não concordo com "tudo feito", também ñ posso concordar com o "ñ fazer absolutamente nada".
Para isso ñ precisava de ir à escola, em casa faço exactamente o mesmo sem a chatice de ter que me levantar cedo e de ter que ouvir os profs a ler power point.
Pensa nisso, é que a continuar assim ñ precisamos de professores, será tudo à distancia.

Pipas de vinho,

Torrão de Alicante

Jeremias disse...

Torrão,

Como é óbvio os professores em qualquer escalão de ensino têm um papel a fazer. Mas o que se acredita agora, ou pelo menos eu penso que a ideia é essa, é que no ensino superior um professor age mais num papel de "facilitador de aprendizagens", um pouco como o papel de um treinador.
Tu praticas desporto por isso diz-me: um treinador é um professor ou tem um papel bem diferente? Dirias que um treinador, por não ensinar, "não faz nada"? É óbvio que não.
Isto não desculpabiliza os maus professores que tens e que usam o tempo que têm com os alunos para lerem PowerPoints, como dizes. Há bons e maus professores em todo o lado como há bons e maus profissionais em todo o lado.
Suponho que hoje se defende um pouco as metodologias onde se dá ao aluno um trabalho prático, exigente, para fazer ao longo do semestre. O professor tem então o papel de introduzir os principais conceitos das áreas científicas que esse trabalho exige e depois "acompanha" o desenvolvimento do trabalho orientando o aluno na sua pesquisa para resolver o mesmo e ajudando-o quando este entra por caminhos dos quais não sabe sair. Usada correctamente e com equilíbrio, esta metodologia é boa porque ajuda o aluno a alcançar uma autonomia e a aprender, acima de tudo, técnicas para gerir e resolver projectos em qualquer área.
Ensinar-Aprender exige uma relação entre 2 pessoas, um professor e um aluno. Como num casamento, as relações não resultam se um dos actores não faz a sua parte. Eu tenho acompanhado muitas queixas destes casais separados (os professores a queixarem-se do desinteresse dos alunos, os alunos a queixarem-se de professores que não os motivam, etc.) e posso afirmar que a culpa não deve morrer solteira. Nas relações de ensino-aprendizagem ambos os actores reinvidicam direitos sem tomar em atenção, muitas vezes, aos seus deveres.

Torrão de Alicante disse...

Caro Jeremias relativamente ao desporto por não ter tido treinadores com métodos de ensino eficazes, levei o dobro de tempo para aprender e por isso nem era convocada. Que motivação tem um atleta que não lhe dão as ferramentas para aprender, que por isso não é chamado a prestar serviço e que mais tarde entende que quer se esforce ou não, o resultado é o mesmo, ou seja nunca é opção.
E claro que um treinador tem que ensinar, ele está lá para isso. E se não o faz algo de grave se passa...

Pipas de vinho,

Torrão de Alicante

Helder disse...

Algo me diz, que sistema de avaliação "Bolonha" não irá muito longe, e terá de ser adaptado.

Há que notar que muitos politécnicos, já estão a abandonar os ditos módulos com notas mínimas, o que me vale é que no meu curso não optaram pelas precedências das cadeiras, senão aí seria o descalabro total, mas que, felizmente não me iria afectar em nada.

Na minha ESTG, e segundo o que se vai ouvindo, por dificuldades em estandardizar as matérias leccionadas por uns e por outros professores e por dificuldades em adaptar os académicos-online, se vai ter de mudar o sistema de módulos para a forma antiga, de esses fazerem média entre eles… só espero que para o ano, caso tenha a infelicidade de deixar algum módulo para trás (espero que não), não tenha de repetir toda a cadeira porque o dito modulo (que era positivo) deixou de contar. Essa seria mais uma guerra.

Mas, nem tudo é mau em Bolonha, eu até concordo com o método de estudo, de se dar mais autonomia aos alunos na pesquisa sobre os assuntos da cadeira, mas tal pesquisa tem de ser sempre acompanhada pelos professores, algo que até agora não tenho razão de queixa, o único senão que aponto são as fracas infra-estruturas da escola, principalmente na falta de espaços de estudo para a elaboração de trabalhos de grupo, mas a malta por cá, lá se vai desenrascando, nem que seja ir para a cantina fazer trabalhos enquanto outros almoçam, já que trabalhos de grupo na biblioteca, costumam dar barraca por causa do barulho.

Outro senão do Bolonha foi a forma como foi aplicado, o processo foi posto a funcionar de um minuto para o outro, ao invés de se dar tempo a que os que começavam num método de ensino acabassem nele, em que findo um prazo pré estabelecido, os que tinham concluído tudo bem, os que não, lá teriam de tratar de equivalências, levando a um custo por parte do aluno, em que a escola não teria qualquer responsabilidade porque foi o aluno que não teve a capacidade/disponibilidade para o concluir, a disponibilidade foi para não parecer tão mal, é que mesmo um trabalhador estudante se vai para o ensino superior é porque tem disponibilidade para acabar o curso dentro do prazo pré estabelecido, não?
Um outro problema foi que houve muitos professores que não tiveram tempo (a desculpa corriqueira de sempre, não ter tempo!), para adaptar o seu método de ensino à realidade Bolonha.

E o café é por minha conta, porque a noite vai ser longa.

Bons estudos. :)